27 julho 2010

Monólogo

Pego num pedaço de alma teu. Acarinho-o, aconchego-o, afago-o. Transporto-o sempre junto ao peito e seguro-o gentilmente com as mãos em concha.
De tanto o segurar, canso-me, começo a manipular para entreter o tempo. E sei que magoa, que começa a sangrar.Atiro-o sobre qualquer peça de mobiliário e esqueço-o, já estava a sujar e eu gosto de me apresentar impecável.
Choras? Porquê? Nunca te disse que te amava, apenas tinha carinho por ti, mas não acreditaste e agora queres cobrar-me o que nunca te disse ter para te dar.
Queres a tua alma de volta? Olha...está ali, creio. Está um pouco manchada e seca, mas vais conseguir colocá-la viçosa novamente, basta que não penses mais em mim desse modo.
... ...
Olha, vou desaparecer durante uns tempos...Vai ser bom para ti, para ambos.
Sabes que procuro alguem para mim...

 
Christophe Vermare


















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